sábado, 16 de novembro de 2013

Nota do PSTU São Carlos sobre a vinda de Feliciano à cidade

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Hoje, 16 de novembro, São Carlos receberá a visita do deputado Marco Feliciano. Adiantando o seu calendário eleitoral, o deputado que preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias do Congresso Nacional virá para um encontro com evangélicos na quadra do Caic, na Cidade Aracy.

Feliciano ficou conhecido nacionalmente quando assumiu a presidência dessa Comissão, sobretudo por conta de suas declarações homofóbicas, racistas e machistas. “Descendentes de Noé [negros] são amaldiçoados por Deus”; “AIDS é o câncer gay” ou a defesa de que as mulheres devem ser submissas a seus maridos estão entre as pérolas de Feliciano.

Além de deixar claro sua inaptidão para presidir uma comissão tão importante, as atitudes de Feliciano ofendem aos próprios evangélicos, compostos também por negros, mulheres e pessoas das mais diversas orientações sexuais.

E é importante deixar claro que não se trata de intolerância religiosa, como tentam classificar o deputado e seus apoiadores. Na verdade, Feliciano usa dessa tática mesquinha para se esconder atrás da Bíblia e da crença de milhares de cidadãos brasileiros. Somos totalmente favoráveis à liberdade de crença. Há quase dois séculos presentes no Brasil, evangélicos nunca foram alvos de um protesto nosso sequer.

Toda a nossa movimentação começa com a chegada do deputado à CDH e é para garantir que os direitos das minorias não fiquem nas mãos de um homofóbico, racista e machista. Mas Feliciano só chegou onde está apoiado por outros setores conservadores e retrógrados, bem como a suposta “indiferença” de Dilma, que na prática é um dos maiores apoios à sua permanência na presidência da Comissão. Esse setores são corresponsáveis por esse retrocesso e devem ser denunciados também.

A nossa luta é contra todas as formas de exploração e opressão. Por uma sociedade mais justa e igualitária. Onde, da mesma forma em que seja garantida a liberdade religiosa, sejam garantidos os direitos das minorias. Onde mulheres e homens, independente da cor da pele, do gênero e da orientação sexual, sejam tratados por iguais. Mas para isso é preciso dar um basta à verborreia falaciosa e mentirosa de Feliciano! Se Dilma não o tira, nós o derrubamos.

Contra toda forma de exploração e opressão, nossa luta é todo dia: contra o racismo, o machismo e a homofobia! Fora Feliciano!
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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Depois de 35 anos, José Luis e Rosa Sundermann são anistiados

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Quase dez anos depois após o assassinato de José Luis e Rosa Sundermann, Estado brasileiro finalmente concede anistia política aos dois militantes trotskista. 

Cerca de 700 pessoas estiveram presentes no Ato que anistiou os ex-militantes da Convergência Socialita
Aconteceu no dia 25 de outubro, no auditório do Tuca (PUC-SP), a 77ª Caravana da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. A edição foi realizada especialmente para o julgamento de anistia dos ex-militantes da Convergência Socialista (CS), organização que deu origem ao PSTU.

Ao todo foram 25 companheiros julgados e anistiados. Embora muitas das perdas e danos sofridos pelas companheiras e companheiros não podem ser reparados simplesmente com a anistia ou com ressarcimento financeiro, foi um evento de grande importância política – afinal são trinta e cinco anos lutando para que o Estado reconhecesse a importância política da CS e de seus militantes na luta contra a Ditadura Militar.

Como bem lembrou Zé Maria, presidente nacional do PSTU, embora não tivéssemos optado pela luta armada, também tivemos nossos militantes presos, perseguidos, torturados e assassinados. A deputada federal Luiza Erundina (PSB), fez questão de relembrar que "quando, há 35 anos atrás, eu era assistente social e fazíamos a primeira greve do funcionalismo contra a ditadura, foram os militantes da Convergência Socialista que vieram nos ajudar".


Motivo especial

Para todo o Partido, mas, em especial, para os militantes da regional de São Carlos, o evento teve uma importância particular: a anistia de José Luis e Rosa Sundermann – dois militantes da cidade cruelmente assassinados em 1994. O casal já militava no final da década de 70, principalmente organizando os trabalhadores da Universidade Federal de São Carlos, onde José Luis trabalhava como técnico.


José Luis e Rosa Sundermann foram friamente assassinados na noite de 12 de junho de 1994. Na época, já militavam no recém criado PSTU, organizado os trabalhadores da cana e da laranja na região de Descalvado (SP). Provavelmente o que motivou o crime (a mando dos usineiros), visto que nada foi roubado da casa. O Brasil chegou a ser responsabilizado pela Comissão Internacional de Direitos Humanos (CIDH), em 2005, pelo duplo homicídio. Mas até hoje o caso continua sem solução e os criminosos impunes. Para Ronaldo Mota, do PSTU de São Carlos que esteve no julgamento e era amigo pessoal do casal, "o reconhecimento da morte dos companheiros a serviço da luta é o mais importante".

Cartazes foram usados para
lembrar os militantes ausentes
João Zafalão recebe o certificado
de anistia em nome do casal

Real significado

A anistia do casal é, indubitavelmente, muito importante e simbólica – política e subjetivamente. É valiosa a luta dos companheiros para a derrubada da ditadura no país, motivo pelo qual foram anistiados. Mas mais importante ainda, é lembrarmos o fato de que a fatalidade aconteceu em junho de 1994. Ou seja, já haviam decorrido quase dez anos de democracia burguesa no país, e que, portanto, não se trata de um crime do regime militar.

E o que tiramos disso? Tiramos a lição de que a luta iniciada pelos companheiros, há 35 anos atrás e pela qual estão sendo lembrados, não acabou em 1985 com a ditadura. Porque era uma luta por uma sociedade justa e igualitária. E uma sociedade que pune a organização dos trabalhadores com homicídios qualificados, e brinda os criminosos com duas décadas de impunidade, pode ser qualquer coisa – menos justa e igualitária. 

Quando o cerimonialista, no auditório do Tuca, lembrou os nomes “José Luiz e Rosa Sundermann”, e a platéia completou “Presentes! Hoje e sempre!”, não se tratou apenas de uma solenidade – mas sim, de um fato. Fato amargo para os criminosos e mandatários, que tiveram que aceitar que sonhos não se apagam com balas, e vivaz para a militância de hoje, que vê em José Luis e Rosa um exemplo de vida e uma fonte inesgotável de inspiração para continuar lutando.

José Luis e Rosa Sundermann: presentes! 

por Romerito Pontes


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