quarta-feira, 2 de abril de 2014

Nos 50 anos da Ditadura, discurso de Ronaldo Mota incomoda vereadores

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Ronaldo Mota (PSTU) e Cibele Ferreira (PSOL) discursaram ontem na tribuna livre para lembrar os 50 anos da ditadura (Foto: Romerito Pontes)


Nesta terça-feira, 1º de abril, o clima ficou tenso na Câmara dos vereadores de São Carlos. O que era para ser um ato para marcar os 50 anos da Ditadura Militar e a falta de democracia terminou com acusações graves e atitudes reprováveis por parte de alguns vereadores. Tudo começou após o discurso de Ronaldo Mota, do PSTU, na tribuna livre da casa. Em seu discurso, Ronaldo traçou um paralelo entre a falta de democracia do período e falta de democracia que vemos hoje na cidade de São Carlos, sob a gestão de Paulo Altomani (PSDB).

Mesmo com apenas 5 minutos, a fala foi suficiente para deixar muitos vereadores, da situação e da oposição, exaltados. Logo no início, Ronaldo chamou atenção do plenário para o fato de que nenhum vereador ali presente fez questão de lembrar a data. “Seja por que apoiam, ou porque preferem permanecer indiferentes a um período tão obscuro para a população brasileira”. Conforme ia falando, um a um os vereadores esbravejavam e corriam para a mesa pedir inscrição para fala. Quando Ronaldo denunciou a oposição por ficar apenas no discurso e não cobrar a prefeitura de fato, já estavam todos de pé, eufóricos, andando de um lado para o outro. “A oposição fica só no blá, blá, blá e não vai para o movimento, (...) a saúde do município está sendo terceirizada com a federalização do Hospital Escola”, afirmou. Também foram lembrados o caso dos vendedores de goiaba e dos sem-teto, ambos tratado com truculência e violência policial.


A resposta dos vereadores

Após a fala, os vereadores começaram a responder. O primeiro foi Lineu Navarro (PT) afirmando que os vereadores poderiam tratar do que quisessem, e que Ronaldo deveria antes tentar se eleger (o que não é preciso para fazer uso da tribuna livre, diga-se de passagem).

Mas as acusações mais graves vieram do presidente da Câmara. Colérico, afirmou que Ronaldo havia “desrespeitado a sagrada tribuna da casa”. E ainda fez ameaças dizendo que “nunca mais” o líder sindical poderia falar na tribuna, porque enquanto presidente da Câmara não aceitaria mais nenhum pedido. A acusação mais séria feita pelo tucano foi de que Ronaldo teria usado mecanismo “mentiroso e fascista”, desvirtuando a tribuna.

Presidente da Câmara ataca diretamente Ronaldo Mota, acusando-o de "fascista e mentiroso" (Foto: Romerito Pontes)

Ditadura lembrada em falas e em atos

Se fomos até lá lembrar as atrocidades da ditadura em nossas palavras, outros fizeram questão de lembra-la nas atitudes. Mas nós do PSTU não nos intimidamos com tais acusações. Lembramos também que, assim como fez a ditadura brasileira, é o próprio fascismo que resolve o problema da oposição suprimindo os direitos democráticos – a começar pelo de fala. Coincidência ou não, a mesma proposta feita pelo presidente após a fala de Ronaldo. Lembramos também, que não é o nosso partido que trata vendedores de goiaba a socos e pontapés, nem os sem-teto com tiros e bombas. Também não somos nós que caluniamos os ativistas da cidade, fazendo passá-los por cargos de confiança de antigas gestões.

Nosso partido não apoiou a ditadura, como fizeram alguns que ainda estão aí. Muito pelo contrário. A história de nossa tradição política nos coloca na linha de frente da resistência. Nós, mais do que ninguém, somos legitimados por essa história para combater todo e qualquer governo truculento que atenda às elites, seja militar ou burguês. Não foi a ditadura, nem vão ser vocês. Vamos continuar lutando!

Assista abaixo um trecho da fala de Ronaldo Mota:


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